segunda-feira, 6 de julho de 2009

Diário de uma perneta (3)

Fui para Goiânia com um ligamento rompido, outro lesionado e uma contusão óssea. Andei menos do que o costume, ouvi "o que aconteceu com o seu pé?" de gringos e conterrâneos, aguentei o alemão me chamado de bêbada. Tudo isso com a minha companheira querida, a RobotFoot.

Ela impede os movimentos do pé e incomoda pra caramba, mas me acostumei e passei bons momentos com ela. Também fomos fazer compras no shopping, assistindo a filmes no cinema e, lá no comecinho, vimos o Saulo Vasconcelos. Andamos de ônibus, de metrô, ficamos chiques e passeamos de táxi. Em Goiânia, encontramos uma irmã dela, e cheguei a ficar com uma pontada de ciúmes, mas passou.

Também ficamos longas horas deitadas em frente à tevê assistindo a Friends. Nos desentendíamos na hora de dormir, de colocar o jeans e de descer a escada.

Mas a nossa relação estava fadada a ter um fim. Certo dia o ortopedista disse que eu podia dormir sem ela. Fiz isso no mesmo dia. Também me liberou para andar em casa desacompanhada. De novo, segui as instruções médicas, embora ainda não pudesse descer a escada sem ela. Nem andar na rua. Aliás, ainda não posso.

Mas está acabando. Comecei a fisioterapia na quinta passada, exatamente no nosso aniversário de cinco semanas. Fiz a primeira série de exercícios hoje e descobri que não tenho absolutamente equilíbrio nenhum.

De "sequelas", a orientação para evitar sapatos moles. Ele mostrou na prática, torcendo minha sapatilha milhões de vezes _também senti milhões de pontados no coração enquanto ele fazia isso.

Sem ela, fico insegura. Meu pé hesita em seus movimentos, e meu corpo coloca mais peso no lado esquerdo. Ainda sinto dor, ainda sinto incômodo, ainda tenho a impressão de que cada passo é uma torção em potencial. Mesmo assim, conto os dias para me livrar dela. Com todo respeito, bota querida, você me encheu muito nessas últimas semanas. Vai catar coquinho!

Nenhum comentário: