sexta-feira, 22 de agosto de 2008

Um café mocha tall com avelã

Minha garganta dói.

(Se eu não me engano, Flavio Gomes tem uma crônica que começa exatamente assim, e talvez eu tenha começado o texto com essa frase exatamente por isso. Sei lá, o livro está longe e eu estou com preguiça. Ponto final)

Na noite de ontem ela já doía. O suco de laranja não passou, era ácido demais e a garganta doía demais. Fui dormir sem minha dose de Vitamina C, e atribuo a isso a gripe que vem chegando.

Gripo - existe esse verbo? - alguns dias antes de ir viajar. Não, vocês não sabiam que eu vou viajar, que provavelmente ficarei algum tempo sem postar e que verei Scott Dixon ao vivo e à cores.

Vou à terra do tio Sam, dizer oi para os americanos metidos que perguntam se sou terrorista no pedido pro visto. Sim, sou terrorista, fui treinada por Osama Bin Laden, que foi treinado por vocês, então estamos todos em família.

Dormiu e acordou doendo, a minha garganta. O leite com Nescau - um costume que me acompanha desde a infância, e que faz com que eu torça o nariz para qualquer outro achocolatado, é Nescau que dá energia que dá gosto.

O leite com Nescau o quê?

Ah, sim. O leite com Nescau não descia, minha garganta doía pra cacete.

Fui pra faculdade, viajei na aula, comi sashimi e outros pratos com peixe cru de almoço, mostrei minha habilidade - a falta dela, na verdade - com hashis. Aí está o motivo de eu não freqüentar restaurantes japoneses: apesar de me deliciar com um Nigiri de salmão, eu e os palitinhos não nos damos bem. É uma guerra cada vez que uso aqueles negócios.

Fui para o escritório e, de tempos em tempos, ia para o banheiro analisar o estado da minha garganta. Continuava na mesma, um pouco vermelha, nenhuma mudança. Durante o dia, porém, fui sentindo o corpo cansado, aquelas coisas que precedem uma boa sinusite.

Quando entrei no elevador, dei uma boa analisada em meu rosto e constatei que, sim, ele estava com cara de gripe.

E mesmo gripando, segui o caminho da Paulista e caminhei para a Starbucks. No meio do meu caminho, porém, não tinha uma pedra, e sim a Martins Fontes. Tinha visto uma foto da livraria em algum lugar, e fiquei tão encantada quanto fico na Cultura. Era um emaranhado de livros, as coisas organizadamente bagunçadas, lindo, lindo. Peguei um livro, "O Diário de um Cão", acho, mas não comprei. Minha cota de livro já havia esgotado na semana, foi o da Samantha Power, uma coleçãozinha sobre a ditadura e o de hoje, alguma coisa sobre quantas mulheres você será antes dos 35. Diz a orelha que é um livro bem humorado e divertido, e os dezenove reais deixaram-no ainda mais convidativo. Levei, portanto não compraria nada na Martins Fontes.

Desci para a Santos e entrei na cafeteria. A fila estava grande, mas o clima quentinho e aconchegante me fez ficar ali. Esqueci de contar, esfriou em São Paulo, e uma garoa fina já ensaiava cair.

Acreditando que mudanças valem a pena, abandonei meu café mocha tall com avelã e pedi um caramel mochiato, ou algo assim. Sim, eu já sei de cor o que pedir ali, o que denuncia uma ida freqüente ao local americano.

Saí com o pedido em mãos, pedido sem graça, aliás, nada comparado ao café mocha tall com avelã que, sejamos sinceros, também não é grande maravilha. Mas fui andando pela rua com aquele negócio em mãos, tomando o café pelo buraquinho da tampa e pensando que essa influência americana é uma merda. Eu poderia simplesmente ter parado em uma padaria e pedido, sei lá, um café-com-leite, mas decidi andar mais um pouco só para tomar uma bebida sem graça. Grande merda, essa.

O café não trouxe nenhum benefício à minha garganta. O que apenas comprova seu caráter inútil - o café, não a garganta.

Estou com sono. Queria ler, dormir, comer alguma coisa. E queria uma pastilha, por favor. Sem avelã.

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