segunda-feira, 11 de agosto de 2008

O gostosão russo

A princípio, era um país grande. O maior do mundo, diziam para mim. E frio pra cacete.

Depois, era a sede do Bolshoi. Eu sonhava em dançar no Bolshoi, nem sabia direito o que era o Bolshoi, mas falavam para mim que era o maior ballet do mundo. Porra, que garotinha vestida de meia-calça, sapatilha, saia, tudo rosa - sem falar no collant, que nem sei direito como se escreve - não sonhava em mexer o corpo nos maiores palcos de ballet do mundo? Billy Elliot queria ir para o Royal; eu, para o Bolshoi.

Mas eu não quis mais saber dos palcos. Quer dizer, até quis, mas não por meio da dança. E a Rússia, aquele país enorme, ficou para trás.

Mas eu gosto de meter meu bedelho nessas coisas misteriosas. E o Alexander Litvinenko morreu. Na época, eu não ia com a cara do Putin - não vou até hoje, diga-se de passagem. Morreu Litvinenko e começou toda aquela história da morte ser a mando do Kremilin. Por tudo que estava ao redor desse caso, achava viável. Ainda mais, sendo o Putin, eu pensava.

Descobri Anna Politkovskaya, que sempre chamo de Politvinenka. Ela morrera um mês e pouco antes de Litvinenko, também de forma suspeita: fora baleada na entrada de seu prédio. Costumava fazer matérias sobre os massacres russos na Chechênia. Menos um para senhor Vladimir.

O cara foi pra Sibéria e encantou meio mundo - feminino - com seus músculos bem torneados no auge de seus 50 anos. Confesso, tenho uma daquelas fotos guardada em uma caixa. Passei meses colocando na cabeça que eu não gostava da política do cara. São os hormônios, diriam alguns.

Lembrei de todas essas coisas por conta do conflito entre Rússia e Geórgia. Não tenho acompanhado muito essa história, não posso dar pitacos sobre isso. Mas não tenho uma visão muito boa a respeito da Rússia sob o comando de Putin - e verdade seja dita, mudou de cargo apenas na teoria.

Guerras nunca são uma saída. Matar civis inocentes, matar gente que não tem nada ver, nada disso tem justificativa. Não sei o que pensar a respeito do líder georgiano. Mas nunca achei que o gostosão russo abriria mão de uma guerrinha.

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